sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A viagem...

Com tudo arrumado era mais fácil partir. Os colegas em Praga iriam me buscar no aeroporto na noite do dia 28 e tudo que precisava era conseguir chegar lá. A minha ida era de Salvador no dia 27 às 21h com escala em Frankfurt, e chegaria a Praga no dia 28 às 18h do horário local.

Um dos amigos apareceu para desejar boa sorte antes da partida, e rumamos para o aeroporto. Pai, mãe e irmã, todos lá na fila do check-in. Fila por sinal que parecia do atendimento do SUS, um horror. A sorte foi chegar com antecedência e fazer logo, o tal check-in. Nesse meio tempo outro colega, que sempre me dava caronas de moto ao voltar da faculdade também deu as caras no aeroporto. O velho Smeagol deu seu até logo, fez um barulho danado como de costume, e se mandou para casa. Por fim o último amigo deu as caras com sua namorada, Nariga. O infeliz comeu uma pizza nas custas do meu coroa e ainda fez gozação. Amigos... vai entender.

Hora do embarque. Mãe chorando que não iria ver mais o filho querido, irmã com cara de que num tá nem aí para nada, o pai dizendo para tomar cuidado, essas coisas que sempre acontecem em despedidas. Odeio despedidas, ainda mais na situação a qual me encontrava, poderia voltar a qualquer momento. Se for parar para pensar, tinha passagens de volta para o dia 9 de janeiro, logo se a coisa apertasse, eu voltaria o mais rápido possível pro colo da mamãe hhahahaha.

Passei  por todo aquele processo de segurança em aeroportos e fui para a sala de espera. Você que já fez viagem internacional direto de Salvador sabe que a sala de espera é um cubículo com algumas cadeiras e duas lojinhas. O aeroporto é organizado, mas aquilo é ridículo. Sem lugar para sentar, me acomodei pelo chão mesmo e comecei a ouvir meu chIpod (chinese Ipod comprado no ebay por 8 dólares haha).

O vôo atrasou nada menos que 35min e nesse intervalo de tempo fiquei labutando como seria essa viagem maluca à Praga. Ao menos diversão eu teria, afinal, era réveillon, e haveria muita festa na cidade. Bandas, danceterias, bregas, cerveja, coisas para ver, mulheres, tudo isso me esperava. A parte do mulheril era um pouco complicado pois estava “emrrabichado” pela mina que conheci no Last.fm, que por sinal era polaca e exigiu que fosse visitá-la, e eu prometi que iria, então tinha que ser feito.

Nessa viagem também teria que ir a Vienna tentar fazer um negócio e ver se conseguia um trocado extra, então se você está anotando, já teria 3 destinos: Rep. Tcheca, Polônia e Áustria. O negócio envolvia um garoto que gostaria de ser jogador de futebol, mas isso eu contarei no momento certo.

Após o término do tempo de espera todos começaram a entrar no avião. Povo se amontoava, coisa de louco, parecia um bando de alemães na segunda guerra, recém saídos do campo de batalha e famintos. Muito tenso, mas como todos tinham que entrar, não fiquei afobado, o lugar era marcado mesmo, né?
Dentro do avião procurei meu lugar e me acomodei, como fui um dos primeiros a mulher do check-in perguntou onde gostaria de sentar, não pensei duas vezes, longe da asa e na janela. Tem como? Sim, é possível, e foi lá que me sentei. O lugar ao meu lado estava vazio e eu fiquei imaginando a minha última viagem a Europa. Quando fui a Portugal, no avião tinha um monte de suecas lindas e loiras e altas e gostosas e surfistas no avião. Um amigo e eu ficamos embasbacados. Bem que eu poderia dar essa sorte novamente, e uma dessas sentar ao meu lado, elaiaaaa seria bom demais. Aguardei por cerca de 5 min e tive aquela decepção.

Apareceu um alemão gigante, barbudo e de óculos e disse:

- Guten abend.*

- Guten Abend. – respondi.

- Verstehen Sie Deutsch?

- Nein, nicht verstehe Deutsch. – respondi novamente em alemão dizendo que não falava aquele maldito idioma.

Então o infeliz começou a falar em inglês. Pow, eu queria uma loira sueca e me aparece um alemão gigante com pinta de gay? Essa viagem começou muito errada para o meu gosto. E o cara lá começou a puxar conversa sem parar. Perguntou de onde eu era, para onde estava indo, ficou falando lá da cidade dele, Hamburgo se não me falha a memória, e perguntou o que eu estava lendo. Nos vôos dessa empresa alemã você pode pegar alguns jornais do dia de graça (você paga 800 euros ida e volta e eles dizem que é de graça, piada), tudo em alemão é claro, e como não sei o idioma, somente algumas palavras, resolvi pegar o Bild, pois se você ainda não ouviu falar nesse jornal, ele só mostra fofoca e peitos de mulheres. Quando falei para o alemão que estava apenas vendo as fotos ele só faltou me bater, dizendo que eu estava lendo lixo e tudo mais. Para tentar explicar que eu não estava lendo, só passando o olho deu um pouco de trabalho, mas consegui.

Após o grandão se acalmar, ele começou a puxar conversa novamente. Tática infalível é colocar o seu fone de ouvido assim que tiver uma brecha, eles param e foi isso que fiz, mas para o meu azar a aeromoça iniciou a servir o jantar. Em alemão... é para acabar com o pobre mortal aqui.

Primeiro me passou uma perguntando o que eu queria beber. Respondi que apenas água e um outro copo de coca-cola. Foi o suficiente para o grandão falar comigo de novo:

- Você sabe alemão, só está fingindo! – falou em inglês.

Depois começou a falar um monte de treco em alemão e eu fiquei olhando para ele com cara de paisagem. Cara chato do cacete. Eu ainda acho que ele era gay e não queria ver os peitos no jornal. Ao menos não deu em cima de mim. Hehe. Depois veio a outra perguntando o que eu queria comer.

Após a janta era hora de tentar dormir. Tinha tomado umas cervas no aeroporto sabendo que precisaria de um empurrão. Eu não gosto de avião. Não tenho medo, mas também não gosto. Encarar 10h de vôo até Frankfurt necessitava de ao menos um cochilo e foi o que eu tentei fazer.

Infelizmente no vôo havia umas 5 crianças que, PUTZ, não paravam de chorar. Quando não era uma, a outra chorava, e a da esquerda acompanhava, e o pai levanta para trocar fralda. Pow! Pra que viajar com menino de colo? Espera crescer um pouco carai! E o pior de tudo, é que quando a molecada parou de chorar, o grandão começou a roncar. Era o fim da picada.

O que me recordo é que após dez longas horas e apenas 30min de cochilo finalmente Frankfurt. Aterrissagem seguram, ninguém bateu palma para não passar vergonha (porque brasileiros sempre batem palma na aterrissagem? Engraçado é que polacos também). Hora de cair fora do avião e encarar o frio.

Eu estava usando umas 3 camisas e mais uma jaqueta marrom que tinha comprado para ir a Portugal na viagem anterior. O engraçado é que não estava tão frio, cerca de 5 graus, mas o sol ajudou a aquecer um pouco. Fiquei imaginando: "Cadê a tal neve?". Eu nunca tinha visto neve, e também nunca tive interesse. Meu negócio é praia, sol, calor. Esse negócio de brasileiro sonhar em ver neve para mim é loucura, o cara pode abrir a geladeira velha que tem na casa de praia e raspar o gelo das paredes, dá no mesmo. Pois bem, sem neve todos rumo aos ônibus e o primeiro inferninho começou logo na Alemanha.

Continua...

*Nota: Guten abend = Boa noite.

10 comentários:

  1. UAHUAHAHUA ri muito alto com o alemão sensual conversando com vc...

    Esses seus posts tão fazendo a minha alegria de manhã no estagio hahhahaha

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. KKKKKKKKKKKKK
    Graças a Deus, nunca viajei em avião com brasileiros para os mesmos baterem (mico) palmas ao aterrisar! Fora que o piloto deve pensar: - Putz, o povo acha que eu sou um m****!
    Que danado de viajem foi essa que você fez pra galera bater palmas?!

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  4. Oxente! Tava de paquerinha no avião??? rs

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  5. puts, garoto...espírito de aventura num tá faltando até então, né...ou melhor, nunca faltou hehehehe

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  6. HaushAUHSuaHsuh, eu fiquei imaginando a tua cara quando o alemão chegou asuhaHUsUAHSuah... tipo criança com os dedos cruzados e olhos fechados pedindo "sueca gostosa...sueca gostosa" e quando abre os olhos aparece um alemão gigante.

    Ri muito!

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  7. Cyndi, é coisa de polaco também, contarei quando for falar de Londres. e Lippolis, eu realmente cruzei os dedos cara, mas o azar foi mais forte.

    Walliston, o negóco não foi espírito de aventura, a coisa foi bem aleatória mesmo. Só estando em meu lugar pra entender. uehuehuehe

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  8. Eh men!!!essa viajem sua ta mto cheia de aventura msm. Vc poderia n ter passado por isso se tivesse ido direto de Portugal (mas eu e Nilo n deixou), tvz nao tivesse passado por isso tudo. So kero saber qdo ira pintar a Portuga na historia!

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  9. quer dizer q eu fiquei com cara de paisagem no momento da viagem , né??? ai ai...foi nadaaaaa...bjubju

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