sábado, 9 de outubro de 2010

Ahh... como eu gosto de Frankfurt ¬¬'


O ônibus estava lotado. Ao menos eu não tinha minha mochila do camelô, ensacada em plástico de comida para não sujar é claro, junto a mim para atrapalhar. O aeroporto é grande, muito grande, mas grande mesmo. 
Quinze minutos no ônibus, sinais de trânsito e tudo mais apenas para desembarcar. Todo mundo enlatado até que chegamos ao destino final. Desci do ônibus e segui para entrada do saguão.
Como havia três ou quatro ônibus a frente do que eu me encontrava a fila já estava formada. Fila? Sim, fila, mas ela andava rápido, em menos de 2 minutos já estava dentro do saguão. Policiais e cães por toda parte. Mas eram muitos mesmo. Então aconselho a você usuário da cannabis a não levar seu material de consumo se for viajar por lá. É furada e da braba. Vai se dar mal na certa.

Os cães farejaram todo mundo, sem exceção. Passei por eles e segui em frente. Precisava achar o meu portão de embarque e naquele aeroporto certamente demoraria uma eternidade. Tinha dois caminhos a seguir. Subir a escada ou seguir adiante. Parei e fiquei labutando para onde ir. Tinha na passagem o portão mas sei lá pra onde ir meu irmão, não tinha lá uma indicação certa. Enquanto decidia se subia ou seguia em frente um rapaz se aproximou de mim.

- Polizei.  – falou mostrando o distintivo.

A merda estava formada. Nem bem cheguei e a polícia já vem me abordando? E o pior, assim que ele chegou mais três se aproximaram me cercando. Até aí tudo bem, não estava fazendo nada de errado mesmo. Não tinha o que temer.

- Estamos fazendo controle de drogas. O senhor por favor poderia acompanhar-me. Preciso fazer-lhe umas perguntas. – falou em inglês.

- Vai demorar muito? Pois tenho outro avião para pegar. – respondi na cara dura.

- O senhor, por favor, me acompanhe.
O cara foi curto e grosso. Nem bem cheguei à Europa e a merda já tava armada. Já pensou se eu fico preso lá por suspeita de tráfico sem ter nada comigo? Seguimos para uma sala próxima ao saguão, ele ofereceu uma cadeira em frente a uma mesa para sentar-me, café e dirigiu-se a cadeira defronte.

- De onde o senhor é? Tem identificação?

- Sou de Salvador, aqui meu passaporte.

O infeliz olhou e deu uma risada.

- Ótima cidade, já passei férias lá. Gostei muito.

Nesse momento a tensão diminuiu. Mas “os homi” ainda estavam na sala com cara fechada.

- Para onde o senhor se dirige?

- Praga.

- Algum motivo especial?

Pow, tava parecendo mais imigração que controle de drogas. Saco!

- Não, apenas quero conhecer a cidade e curtir a festa de ano novo.

- O senhor tem envolvimento com drogas?

- Não, senhor.

- O senhor está transportando algum tipo de droga em sua viagem?
Nesse momento notei que tinha um detector de mentiras na sala, sobre a mesa, analisando o que eu falava. A situação não era agradável. O agente parecia até amigável, mas aquele sorriso meio falso na cara não me enganava. No fundo ele estava pensando: “Vou te pegar neguinho safado!”. Mas não me abalei. Respostas curtas e grossas.

- Não, senhor.

- O senhor é usuário de drogas?

- Não, só gosto de cerveja.

Ele riu novamente. E falou:

- Olha, posso ver que você é limpo, mas precisarei fazer um procedimento.

Vixi! Aí eu pisquei! Procedimento? Eu só lembrava dos casos de africanos contrabandeando drogas dentro do ânus e nego achando. Será que esse cara quer meter a mão no meu forévis? Aí eu vou ter que processar. 
Minha integridade moral será abalada! Ai meu Deus! Tudo isso passou por minha cabeça em menos de um segundo. Tentei me acalmar para não dar na pinta. E perguntei:

- Que tipo de procedimento?

- Nada em especial. Apenas dê-me suas mãos, por favor.

E ele passou um treco nelas, uma espécie de líquido. Depois passou uma maquininha e ficou olhando para ela. Talvez esperando apitar. Nada aconteceu. Pegou o líquido novamente e passou em minha testa. É, na testa! Também não entendi o motivo. Passou a maquininha e ficou olhando para ela novamente. Nada.

- Como imaginei. O senhor pode pegar suas coisas e seguir adiante. Desculpe o transtorno, mas esse é o meu trabalho. – disse entregando me o passaporte.

- Tudo bem, onde fica o portão I 17?

- O senhor deverá subir e encontrará indicações de como chegar lá. Até mais.

Ufa! A sensação de alívio foi grande. O problema não é estar na razão e sim alguém forçar você a estar errado. Isso podia acabar com o dia de qualquer um que tremesse na base, pois o detector de mentiras estava lá para detonar algum usuário de erva por exemplo. O importante é que saí daquela maldita sala e subi a escada como fui indicado a fazer.

Era outro saguão imenso. Merda de aeroporto grande do cacete. Mas dessa vez tinha indicações para onde seguir. Guardei o chIpod no bolso, e pensei comigo: “Essa viagem nem começou e um alemão meio gay senta do meu lado, agora controle de drogas, eu nem passei pela imigração ainda. É melhor tomar uma cervejinha pra me acalmar.” Foi o que eu fiz.

Havia um bar em meio às lojas e eu sentei pra tomar uma cerva. Quatro euros e vinte centavos. Cerveja cara da porra. Mas tomei duas. Antes de seguir adiante. Ainda tinha 2 horas antes do próximo embarque, então tinha tempo.

Ao término de minha cerveja e de meus trocados, resolvi encarar a imigração. Andei cerca de 10 minutos até achar onde deveria passar e me dirigi à menor fila. Cerca de seis pessoas à frente. Dois brasileiros conversando:

- Pow cara, tá indo pra onde?

- Milão.

- Eu tô indo pra Amsterdã, mas tô choroso aqui.

- Qual foi?

- Eu tô lá ilegal, e não sei se vão deixar eu passar aqui. Fui na Inglaterra visitar uns amigos e agora não sei se consigo entrar.

Para quem não sabe, o Reino Unido não faz parte do tratado Schengen, ou seja, para entrar lá você pega seu carimbo no passaporte, e para voltar para área Schengen, precisa ser carimbado de novo. Se o neguinho na frente tivesse viajando dentro da área Schengen, não precisaria passar pela imigração. Mas metido a esperto, todo errado, todo cagado, queria ir pra Amsterdã de novo e a imigração certamente não iria deixar. Ele sabia disso, por isso tava quase chorando. Fiquei quieto só ouvindo a conversa dos dois.

- É cara, tá complicado. Mas dá uma rezada que dá tudo certo.

Nessas horas até o mais descarado e bandido recorre a Deus, né? Haha. Pois bem, chegava a hora. O carinha que iria para Milão passou tranqüilo. Era a vez do neguinho todo borrado. O cara nem falou nada. Botou o passaporte para identificação, perguntou para onde ele ia e foi o tempo de chegar os agentes. Levaram o neguinho embora e algemaram-no na mesma hora. Foi ridícula a situação. Não entendo muito de leis, mas acho que é proibido algo do tipo. Não sei dizer. A última coisa que vi foi a lágrima descer nos olhos do cara. Mas fazer o quê. Tinha que seguir adiante. Minha vez.

Nada em especial, perguntou pra onde eu iria, propósito da viagem, quanto tempo ficaria e mandou seguir. Passei tranqüilo e fiquei imaginando: “Brasileiro é foda, quer dar de esperto e só se lasca. O neguinho se for deportado para poder voltar vai dar trabalho, isso se conseguir”.

Como o aeroporto era muito grande levei cerca de 45 minutos, ou até mais para achar o portão de embarque, que nesse momento se encontrava cheio de japoneses fazendo o que eles mais gostam. Tirando fotos. É isso, nem dentro do aeroporto eles liberaram. Tiraram foto de tudo, até pediram pra tirar foto comigo, e eu de gaiato fui, é claro. Mais meia hora e podia embarcar para Praga. Aproveitei para tirar um cochilo enquanto esperava, já que não tinha dormido quase nada no avião.

Quinze minutos passados, vi o povo se movimentando, todos já estavam entrando. Peguei minhas muambas e parti para o avião. Decolagem... 55 minutos de vôo e enfim podia ver Praga pela janelinha do avião. Ao aterrissar adivinha o que aconteceu? Clap clap clap clap clap clap clap. Isso mesmo, palmas. Tinham uns seis brazucas em cadeiras a frente. Todos os japas ficaram olhando para eles. Vergonha do carai. Hahahahaha.
Sai do avião, peguei minha mochila enrolada por plástico de comida e minha outra malinha de viagem inseparável (20kg total) mais a minha mochila padrão de toda hora e pronto, encontrei os caras que estavam me esperando, pra variar com uma cerveja na mão... alemães...

7 comentários:

  1. AUHAuhaUHAuhAUahuaHUa Imagina se o poliça resolve te examinar hein Bel?! xorei de rir aqui

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  2. Pow, mas é de dar medo mesmo. Situação sinistra, mas essa foi fichinha do que ainda estar por vir.

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  3. HaushaUshaUH, brasileiro só se fode aushaUHsaUh... mal chega no lugar e os policiais já chegam junto ausasuhaUsh... muito foda!

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  4. Te digo uma coisa: isso é só porque você é moreno. Se fôsse branco, nem olhavam pra você! Bando de racistas...

    Esse negócio de cachorro aconteceu uma situação engraçada comigo no Urugai. No desembarque, tinha uns policiais revistando as bagagens com os cães. Eu que sou bobona por bichos (principalmente cães) fui esperar minha bagagem perto de um (labrador). O safado do cachorro foi com minha cara, começou a querer brincar comigo e a pular em cima de mim. Nisso todos do aeroporto começaram a olhar pra mim com umas caras estranhas, ao que meu marido grita de longe com cara de espanto: sai daí!
    Foi quando caiu a minha ficha: o povo tava me olhando pensando que eu tava com drogas!
    Mas, pra minha sorte, o policial percebeu que eu não tinha nada (nem falou nada, só fez sorrir), na verdade, o cahcorro se "apaixonou" por mim e queria montar na minha perna! Pra piorar, ele ainda enganchou a patinha na minha mochila, aí foi que ficou engraçada/ridícula a situação!
    KKKKKKKKKKKKKKKKK
    Foi hilário, fiquei morta de constrangimento e meu maridoo, nem se fala... Só faltou me matar com o olhar por eu ser "demente"!!!!
    rsrsrs
    Ainda lembro do primeiro esporro que levei: "Você é louca! Foi brincar justo com o cachorro que fareja drogas e o triste do cachorro ainda se empolgou"!
    Diários de viagens...
    rsrsrs

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  5. Olha Cyndi, eu prefiro não acreditar que foi racismo quanto a cor da pele. O negócio é que muitos europeus não gostam de imigrantes sejam de onde for. É bem complicado... uma coisa é você visitar o país do cara e deixar seu dinheiro lá, outra coisa é ir de mala e cuia pra morar e tirar um emprego de alguém que já morava lá antes. A situação foi terrível, mas prefiro acreditar que o policial estava apenas cumprindo seu dever.


    Lippolis, rapaz eu acho que isso é zica minha mesmo, pq toda viagem que eu faço algo de estranho acontece.

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  6. HuashAUHs, eu sei bem como é Belino, moro na fronteira do brasil com o uruguai e conheço muito bem a maioria dessas situações, algumas até já me ocorreram quando eu estava atravessando para o país vizinho... é complicado mas fazer o que, seguir em frente xD

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  7. Vc é uma viagem viu vey? Tá parecendo Todo mundo odeia o Chris.
    Thiago Calliga.

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