sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Na dança do ventre

Bom pessoal, eu não vou parar para contar sobre os fogos de artifícios dançantes na noite do dia primeiro e nem sobre minha viagem de “negócios” de dois dias à Viena, Áustria. Não vale a pena porque NADA aconteceu nesse período. O importante é que voltando para Praga eu estava decidido, eu quero morar aqui em Praga.

Percebi que morar em Praga não era lá tão difícil assim. Eu tinha três opções: Arrumar um casamento, arrumar um emprego ou abrir uma empresa. Casamento estava fora de cogitação, muito tenso esse negócio de casar. Arrumar um emprego seria possível se achasse algo que só eu poderia fazer, o que não aconteceria num curto espaço de tempo, pois a imigração tinha que botar anúncio para os tchecos e se não tivesse ninguém que servisse à empresa eu poderia ser contratado. Sobrou apenas abrir uma empresa.

Então lá vai o senhor Belino para embaixada brasileira em Praga procurar ter informações de como abrir o negócio lá. Segundo o Google, a embaixada ficava próximo ao centro de Praga, não era lá tão difícil de achar e ainda tinha várias embaixadas ao redor. Segui para essa tal rua e não encontrei nada. Fui aqui, acolá e achei uma embaixada perdida. A embaixada da Coréia do Sul. Resolvi então entrar para pedir informações.

Entrei  e fui a recepção. Uma mulher me atendeu, porém não falava inglês, então chamou outra loira que desceu as escadas após um tempo. Ela olhou para mim e disse:

- Eu conheço você.

Abri aqueles olhos de assustado sem entender meleca de nada. Então ela continuou.

- Você é o ex-noivo da Mika, certo? Muito prazer, sou Marianne.

Parecia que eu já era famoso por aquelas bandas sem saber de nada. Fiquei com minha cara de bocó lá fingindo que a situação era normal e não desagradável. Abri aquele sorriso amarelo e fui conversar com a mulher. Tomamos um café, ela me falou que era casada com um egípcio e que teria uma festa de aniversário no dia seguinte. Resumindo, me convidou para ir  e eu não tinha como dizer não.

Eu estava frito, não sabia o que fazer. Ao menos consegui a direção para a embaixada do Brasil e sai de lá me perguntando como que eu ia para essa tal festa sem conhecer ninguém. Segui para a embaixada brasileira e pimba. Já estava fechada. A parada fecha as 3 da tarde mano! Abre as 10 e fecha as 15. EU QUERO UM TRABALHO DESSES PRA MIM! Só restava ir no dia seguinte.

Fui para casa labutando o que fazer. Resolvi então ligar para a Chun Li, talvez se ela fosse eu não me sentiria tão deslocado. Ela não tinha sido convidada... Putz! Praticamente forcei ela a ligar se convidando e acabou que ela iria comigo.

Na noite da festa eu estava um pouco tenso. Iria conhecer um “pessoal importante”, não para mim é claro. Cônsul, embaixador, sabe-se lá Deus quem mais, estariam lá. Chun Li e eu nos encontramos próximo ao local da festa. Era um bar de shisha, aqueles trecos para fumar que os árabes usam. Ficava próximo ao rio na terceira ponte. Esqueci o nome do bar agora, mas era bem aconchegante e organizado.

Chun Li e eu entramos e avistamos Marianne numa mesa imensa. Não sabia o que levar e a Chun Li falou logo, a gente compra uns chocolates e pronto, aqui a gente faz assim, não precisa gastar muito o importante é a consideração. De certa forma eu adorava o povo tcheco, eles sabem economizar, hehe. Entregamos o “presente” e sentamos a mesa. Como sabem os mulçumanos não ingerem álcool, então ficaram lá na mesa com Coca-cola a noite toda, de vez em quando um drinque sem álcool.  Fui apresentado a todos por Marianne e não memorizei o nome de ninguém, todo mundo era Mohammed naquela mesa para mim.

- Cara, você é brasileiro mesmo, parece mais egípcio. – falou um deles.

Putz, aquilo me matou! E eu lá tenho cara de egípcio, Manolo? Dei uma risada amarela e falei que orgulho de ser brasileiro, olha que mentira...

- Mas sério, você parace muito egípcio. Olha como ele parece com a gente. – comentou o aniversariante, muito simpático por sinal, falando da cor da pele.

A Chun Li só fazia dar risada enquanto os caras ficavam “zoando”. Acho que na verdade eles queriam que eu não ficasse deslocado, vai saber. Pedi uma dose de whisky para encarar a gozação. O único bebendo na mesa, mas eles falavam tão alto e faziam tanto barulho que parecia que estavam bêbados.

Após algum tempo chegaram mais duas pessoas, o cônsul e o embaixador. Eram irmãos gêmeos acredita? Duas figuras. Cumprimentaram todo mundo até chegar até minha pessoa. O cônsul me deu um abraço e falou algum treco em árabe. Todos riram. Chun Li estava adorando a situação de me ver em meio aquele povo doido, mas a hora dela estava por vir.

Explicaram-me que o cônsul havia pensado que eu também era egípcio. Tá de sacanagem, eu juro que não tenho cara de egípcio, mas para eles tinha. Foi aí que alguém surgiu com a brilhante idéia de eu realmente fingir que era egípcio para mais um que estava por chegar. Falaram que o cara não iria perceber e que era para eu agir assim como eles. Topei a brincadeira.

Em quinze minutos me aparece um malucão com bigode e cabelo engraçado. Todos bateram palmas quando ele entrou, parecia querido pelo grupo. Fazia mais barulho que todos juntos. Abraçou um a um. Um abraço forte que eu fiquei com medo que na minha vez quebrasse minhas pobres costelas. Eu estava sentado ao lado do cônsul e do aniversariante, não sei por que, parecia que era íntimo do cara já, mas foi lá que mandaram sentar. O cara de cabelo engraçado estava abraçando o cônsul e a seguir seria a minha vez. A galera que já estava sentada fez sinal para mim. Era chegada a hora.

O cabeludo me deu um abraço forte parecendo que eu era irmão dele e falou algo tipo:

- ويسعدني حقا أن ألتقي بك يا صديقي.

E eu respondi:

- شكرا ، أنا سعيد حقا لمقابلتك أيضا.

O que eu falei? Não faço a menor idéia! Mas o cara parecia ter entendido e continuou.

- أنا لا أعرفك. هل لك ان تعيش هنا أو شيء من هذا؟ -

أنا حقا لا أعرف ما الذي تتكلمون عنه. -

E esse papo esquisito foi por uns 3 min. Eu já não agüentava mais falar algo que nem sabia. Estava só embolando a língua e fazendo barulho, mas o cara parecia entender. Todo mundo na mesa dando risada. Até que ele parou e perguntou o motivo da gargalhada.

Explicaram para ele que eu era brasileiro e que não estava entendendo patavinas do que ele falava. Só estava fazendo algum som com a boca. O cara não acreditou, para ele eu realmente estava falando árabe. Hahaha. A Chun Li está de prova, foi uma situação bem esquisita, mas que também rendeu muita risada. E o cara custou a acreditar que eu era brasileiro. Tive até que mostrar o passaporte.

Após tanta confusão deram-me um nome. Musad. Significava “cara feliz” ou algo do tipo. Falaram que era porque eu estava sempre sorrindo. O cabeludo então se aproximou e explicou-me que estava entendendo algumas coisas que eu respondia, mas que o som que eu fazia era um pouco estranho parecido com de uma região do Egito em que o povo fala de forma esquisita e quase ninguém entende, por isso não entendia direito. Dá pra acreditar?

Hora de cantar os parabéns. Ou melhor, uma música estranha lá. Chun Li e eu só fazíamos rir e bater palmas. Cortaram o bolo e o melhor estava por vir. A dança do ventre. O primeiro a juntar-se a dançarina foi o aniversariante é claro. A mulher dele só ficou olhando, talvez com ciúmes mas ao menos não demonstrou muito. Após a primeira música a mesa ecoou.

- Musad! Musad! Musad! Musad!

Era a minha vez de dançar. O bar cheio e todo mundo olhando pra gente e eu com uma vergonha de matar. Por que fui me meter nessa situação meu Deus? Eu só queria uma informação. E lá fui eu dançar com os movimentos que aprendi na novela das oito que tinha “Léo e Lucas”. “O Clone”, acho. Fiz lá minha papagaiada e um novo coro ecoou.

- Chun Li! Chun Li! Chun Li!

A Chun Li mudou de cor umas 4 vezes. Rosa, Vermelho, Verde, Azul foram as que eu lembro, talvez até mais. A vergonha era bastante. E eu ria sem parar da cara de choro que ela fazia. Pagou por ter dado risada da minha quando eles ficaram falando que eu era egípcio. Ela não teve escapatória. O aniversariante a pegou pela mão e dançou com as duas. Talvez estivesse  pensando que estivava num harém. Hehe.

Após tanto barulho e cantoria eu cai fora, porque em seguida eles iriam começar um karaokê. Eu também não queria cantar em árabe. Era o suficiente para aquela noite. Despedi-me e recebi um convite para outra festa com eles... por sorte estaria na Polônia.

9 comentários:

  1. Vei...Vai escrever um livro men!!!kda momento q paro p ler suas presepadas na "zoropa" eu so faço rir!

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  2. Arruma um produtor ou editor que eu penso no caso... assim a migué fica difícil ueuehuhe

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  3. Muito engraçado kkkkk ^^
    Pow o negocio na Áustria correu mal?

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  4. você era/é de qual local aqui na Bahia? abraço

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  5. Sou de uma cidade chamada Gandu mas morei em Salvador desde 1 ano de idade.

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  6. Musad ?!?!? uashAUHsauHs ai tá ! Nossa Belino, quantos apelidos tu ganhou nessa viagem toda ein ? xD

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  7. poxa, na hora q tu podia sentar o dedo na galinha cantando Macarena tu vai embora? quanto amadorismo!!! hahaheeh

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  8. @unti Rapaz, não é amadorismo não, aquela galera era meio sei noção. Foi até bom eu cair fora hehe.

    @Lippolis Quanto aos apelidos... apenas esse Musad ai do guettho.

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