segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Praga - Dia 1

O dia em Praga começou cedo. Uma barulheira danada com os carinhas se arrumando para ir trabalhar às 7 da matina. Como tinha ido dormir cedo, consegui ao menos botar parte do sono em dia.

- Acorda folgado, estamos indo trabalhar.

- Tô acordado, cacete.

- Seguinte, sei que você vai sair para ver a cidade. Pode pegar o casaco que emprestei ontem. Não uso ele faz tempo então não tem problema, assim você não precisa comprar um novo. Grava o nome da rua para não se perder. Toma um mapa da cidade também. – falou e me entregou um mapa.

- Que é isso? Mapa do McDonald’s. Hahaha.

- Deve ser o suficiente, depois você encontra mapa de graça nos pontos de informações turísticas. É moleza. Vamos indo, até mais.

Era meio cedo e pensei em ficar na cama mais uns 30min. Não tinha porque sair de casa naquele frio. Aproveitei para dar uma olhada na internet e ver os lugares que poderia visitar, além de mandar uma mensagem para família dizendo que cheguei bem, obviamente sem contar tudo que tinha acontecido até então. Levantei após a esticada no sono e fui para a cozinha.

Você já deve saber o que esperar em cozinha de casa de marmanjo, certo? Fui todo feliz para abrir a geladeira, fingi que não vi a pia cheia de pratos e copos e mantive o foco no meu café da manhã. Ao abrir a geladeira tive a surpresa. Não havia NADA dentro. PQP! Eu quase matei os infelizes. Nem um queijo velho eu achei lá dentro. Ao menos o café estava pronto e foi esse meu café da manhã. Uma xícara de café e só.
Lavei a louça só porque odeio imundice, mas me prometi que não faria mais isso, se quisessem uma Personal Maria que pagassem uma ou me dessem um bom dinheiro hahaha. Mas como não fui para lavar louças e sim para curtir, tomei um banho de gato só para tirar o cheiro de cama do corpo, desempacotei o mochilão que ainda estava cheio de plástico de comida e catei a minha máquina fotográfica.

Olha, a essa altura do campeonato eu precisava de paz, mas o retardado aqui conseguiu se superar. Esqueci a merda da máquina no Brasil. Tantas coisas para fotografar em Praga e nenhuma máquina, nem mesmo uma descartável. Deu vontade de me socar, arrancar uma orelha, sei lá. Que estúpido! Mas tudo bem, me acalmei, terminei de me vestir (roupa pra cacete), e vamos para a rua.

Não fazia tanto frio assim como imaginei, cerca de -3 graus eram toleráveis. “E o povo pensa que Campos do Jordão é frio, haha”, pensei comigo. Como estava no centro, aproveitei para trocar algum dinheiro. Mil reais ou cerca 9700 coroas tchecas (pela maldita casa de cambio) dariam para passar uns dias tranqüilos lá, não estava pensando em comprar nada em especial. Além disso, aproveitei para pegar alguns euros, pois precisava ir à Áustria no dia 3 de Janeiro. Foi o que fiz. Depois saí de lá para ver a cidade.

A cidade estava cheia de turistas e não era para menos, é simplesmente maravilhosa. Eu fiquei embasbacado com algumas coisas que vi por lá. Prédios antigos, com arte moderna em algumas galerias, fora a organização da cidade, o castelo ( o mesmo do banner do blog ) as pontes, os parques, mulheres que mais parecem modelo passando por você... Claro que não vi tudo de uma vez, pêra lá. Mas o primeiro dia eu fiquei encantado. É uma cidade a qual eu moraria facilmente, e eu senti essa vontade. Porque não morar aqui de vez? Só que era difícil, e depois que o noivado andou para trás não era tão fácil imigrar para um país assim.
Paguei um desses tours pela cidade num ônibus e curti o meu momento solo em Praga. Realmente bem interessante e repito, vale muito a pena conhecer. O problema maior estava por vir. Eu precisava comer. Meio dia, a fome apertava, já que o café da manhã foi somente o tal do café, e eu esqueci de parar ao menos em uma padaria, a coisa ficou tensa a ponto da barriga encostar nas costas. McDonald’s, Subway, pizzas... esses trecos não me interessavam. Por que não comer algo local?

Como estava na Praça São Wenceslau (ou Wenceslas Square como preferir) perguntei a uma dessas loirinhas magrinhas de olhos azuis e pernas tortas que você só encontra em Praga onde comer algo local e barato ali pelo centro. E ela indicou o local.

Ahh Praga... Só que essa foto não é minha. hehe Tava muito frio pra ter tanta folha.


- Você pode ir ao Peklo.

- E onde é isso?

- Entra ali na galeria e você vai ver a indicação. Depois é só ir descendo que você vai achar.

Agradeci e segui para a tal galeria. Tinha uma escadaria com a indicação Peklo. Comecei a descer... descer... descer... descer... Acho que cerca de quatro andares em escadas meio apertadas até o subsolo. Ao menos o cheiro de comida eu sentia, não podia estar errado. Após toda a escadaria havia um corredor e em frente podia ver um salão. O restaurante era tipo um P.F. (na linguagem do povão: Prato Feito). Você entra, pega seu prato e nego vai perguntando o que você quer. Cada dia um menu diferente, e um bom preço, 70 coroas você tem seu rango. O menu do dia era uma sopa estranha, um monte de batata com uns pedaços de presunto e queijo, um pé de galinha e uns pedaços de carne. Que porra de comida era essa?

Eu tomei a tal sopa e comi a batata, e já estava atolado. Ainda comi um pedaço de carne que empurrei com coca-cola, mas era demais pra mim. Paguei a conta e saí daquele inferno. Ahh sim, peklo em tcheco significa inferno, tava explicado o gosto da comida. Conselho, vá a restaurantes mais comuns quando vier para esse lado da Europa. Nem todo mundo gosta dessa comida “embatatada” de Polônia, Rep. Tcheca, Eslováquia... então se tiver oportunidade evite. Não é lá essas coisas, eu por exemplo não gosto muito. Mas algumas coisas são boas como por exemplo pierogi (uma espécie de pastel de batata), presuntos e os pães que são imbatíveis.  Fora isso, pule fora.

Voltei para casa para encontrar os marmanjos. Tínhamos combinado de tomar uma num bar em Flora, um bairro onde tem um shopping bem legal. Descansei um pouco, tomei um banho e esperei os malucões. Eles chegaram, jogaram as coisas no canto e falaram:

- Vamos para não ficar tarde, amanhã eu ainda trabalho.

Pegamos um metro e eles começaram a apontar. Uma, duas, três, quatro mulheres entre elas uma senhora de uns 60 anos olhando para gente.

- Estão olhando para você.

- Para mim? – fiz-me de desentendido.

- Olha lá.

Era verdade. Estavam olhando para mim. Chegava a ser estranho porque olhavam e cochichavam uma com a outra. Então eu entendi as palavras na saída do aeroporto.

- Entendeu agora o que eu quis dizer com você atrair.

De fato. Dei um tchauzinho para duas que estavam de pé em minha frente e o resultado foram sorrisos tão grandes que pareciam aquelas mulheres bem feias que recebem a cantada do pedreiro e têm o melhor dia da vida delas. Só que não eram feias, pelo contrário, eram muito bonitas o que fazia a situação meio inacreditável. Pegar uma mulher daquele nível em Salvador me daria tanto trabalho que teria que pensar duas vezes antes de chegar junto.

- Dá próxima vez iremos à Duplex. No ano novo. Valerá a pena.

Complicado. Eu pensava na polaca me esperando e não tinha clima para as tchecas, ainda mais após o que a minha ex-noiva tinha feito comigo. Muito tensa a situação.

Após cinco maravilhosas cervejas em um pequeno pub de família próximo a Flora (aconselho a visitar esses pequenos pubs em bares não tão populares, pois eles não botam água na cerveja e não é tão absurdamente caro) voltamos para casa. Vi uma mensagem no Orkut de umas amigas que estavam indo para Praga em seu tour pela Europa, partiriam de Londres para lá e queriam me encontrar pra tomar uma. Combinei tudo para o dia seguinte e fui dormir com dor de barriga por causa das batatas... acho que comi demais no almoço.

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