sábado, 6 de novembro de 2010

A Sogra

Uma vez a Sra. Hakkinen me disse enquanto me mostrava a cidade de Praga:

- Você é uma pessoa adorável, difícil não gostar de ti.

Em um sábado pela manhã fiquei pensando nisso quando Priceless Girl deu-me uma notícia:

- Ah! Esqueci de falar. Minha mãe quer que jantemos na casa dela amanhã a noite.

Geralmente quando estamos num relacionamento e temos que conhecer os sogros entramos em pânico, mas graças a frase da Sra. Hakkinen eu fiquei tranqüilo. Afinal, segundo ela, eu era adorável e as pessoas gostavam de mim. Haha.

- Tudo bem. Amanhã iremos.

- Tem certeza?

- Qual o problema? Ela não vai correr atrás de mim com uma faca porque estou namorando a filha dela, certo?

- Tudo bem, confirmarei nossa presença.

Sabe aquele sentimento de que se você conhece sua sogra é porque a coisa está ficando séria? Pois foi isso que senti. Tinha pouco mais de uma semana desde que voltei à Polônia e recebi esse convite. Acho que eu esperava por isso e assim não liguei muito, mas o sentimento de que a coisa estava ficando séria tomou conta de mim.

Se pararmos para pensar eu cai de pára-quedas na vida da Priceless Girl. Ela tinha uma vida tranqüila até eu invadir o apartamento, tomar parte do guarda-roupa, começar a fazer compras, passear, dividir as despesas, limpar a casa... Meu Deus! Era uma vida de casado sendo que eu era a Maria e ela o João! Não vou mentir que os meus dias assim eram bem cômodos. Jogava meu videogame quando queria, ia ao cinema, tinha sempre um trocado no bolso... Estava tudo muito bem. Na verdade não sei do que as mulheres reclamam.

O jantar havia ficado para domingo. Priceless Girl e eu já havíamos combinado de ir ao mercado e fazer algumas compras antes de irmos para casa de sua mãe e foi isso que fizemos. Saímos pela manhã e ela mostrou-me outro mercado onde as coisas eram quase a metade do preço. Sacanagem! Custava dizer antes? Assim eu não precisava gastar tanto. O negócio ficava perto de casa, dava para ir andando que em 5min eu estaria lá.

Indo para o mercado... brrrrr


Voltamos para casa para que eu me “embonecar”. Tomei um banho, fiquei cheirosão e era hora de encarar a sogra. Sinceramente não fiquei nervoso nem nada. Já não posso dizer o mesmo da minha namorada, foi a primeira vez que a vi tão nervosa com alguma situação. A primeira de muitas... Saímos de casa, pegamos um ônibus e assim fomos para a casa da sogrinha.

Realmente ficava bem próximo do albergue que eu havia ficado hospedado quando fui a cidade pela primeira vez. Seguimos para o prédio e Priceless Girl interfonou. Nem precisou falar nada e a porta se abriu. A mãe dela já estava esperando ao pé do interfone provavelmente ansiosa. Subimos a escada e alguns andares acima a porta se abriu.

Uma senhora nos recebeu, era a senhora Priceless com um sorriso no rosto. Abraçou a filha e cumprimentou-me. Aparentava ser uma pessoa bem simpática assim como a filha. Mas fisicamente elas eram bem diferentes, acho que apenas na estatura se assemelhavam. Além disso, a Priceless Girl sempre agia de forma enérgica enquanto sua mãe tinha uma expressão de pessoa que adora dormir. Isso não vem ao caso. Entramos e fomos para a sala.

A expectativa para o rango era grande. Muitas meninas já me disseram que se ganha um homem pela boca. Mas esse não era o “dom” da minha namorada. Ela sabe cozinhar, mas no geral é comida polaca e macarrão. Ela sabe fazer todos os tipos de macarrão que você imaginar. Além disso, tem uma panqueca divina, nunca tinha comido panquecas como a dela. Voltando à mesa, esperava dessa vez ser “laçado” pela boca.

A primeira refeição... Sopa. Se você me conhece a fundo, sabe que esse é um prato que nunca me agradou. 
Não importa o tipo de sopa, para mim é tudo igual. Como convidado não pode dar pitaco. Agradeci e tomei caladinho a minha sopinha. Estava até gostosa, mas sopa... Não é comigo. Enquanto colocava o rango para dentro, a Sra. Priceless começou a conversar. Fui surpreendido com o seu inglês, desde que tinha chegado à Polônia, ninguém com mais de trinta anos havia falado outro idioma comigo a não ser o polaco.

A sogrinha vendia a boa imagem de seu país enquanto eu finalizava minha sopa. Troquei o prato e a refeição principal estava a caminho. Eu não lembro direito o que foi que comemos naquele dia, mas certamente algo com batata, ou algo feito com batata, ou até mesmo batata ao molho madeira... Não sei.

Após a janta um chazinho para esquentar o peito e mais bate-papo. Priceless Girl deixou-me sozinho com sua mãe para olhar algo no computador. Eu continuava a conversar numa boa. Até que ela perguntou: (Essa conversa será postada em inglês por motivos de força maior)

- So, do you like Poland?

- Not really. At least your daughter makes me like it a bit.

- I know, it’s really difficult here in Łódź. For example, the streets are full of digs.

Nesse momento eu me segurei… Cheias de que? Parecia que ela havia falado “dicks”. A pronúncia é um pouco parecida, mas para eu ouvir aquilo algo estava errado... Para que eu trouxe o meu para cá? Haha. Claro que não ri na cara da mãe dela, seria de muito mau gosto.

- Err. Seria melhor pegar um dicionário para rever essa frase aí. – falei com um sorriso amarelo na cara.

Ela chamou pela filha para perguntar do erro. Priceless Girl não disse nada e então sua mãe foi pegar o dicionário para conferir.

- Oh dear... I’m sorry.

- Sem problemas. Acho que eu ouvi errado. De qualquer forma, melhor usar um sinônimo.

Eu ria por dentro, mas não podia mostrar. Que coisa... Cheia de “dicks”. Lá ele. O papo continuava e a coisa ficou mais séria. Ela começava as famosas perguntas sobre as intenções com sua filha. Aí sim a coisa apertou.

- E qual são suas intenções com minha filha?

- Não posso dizer ainda. Não depende só de mim. Gosto muito de sua filha, mas não posso definir nosso futuro sozinho. Ela também tem que mostrar o que deseja. Amo sua filha, mas não depende só de mim.

Meu Deus... Falei que amava a Priceless Girl do nada. Acho que foi o subconsciente. Nem eu sabia o que falar em seguida e mal consegui pensar. O palco estava armado e agora eu era o centro das atenções. Coração mole esse meu. Talvez estivesse gostando da minha vida de Maria. Vai saber. Ao menos fui salvo pelo gongo.

- Temos que ir para casa. – falou minha namorada.

- É melhor.

Despedimo-nos da Sra. Priceless e seguimos para casa. Eu queria que a viagem fosse em silêncio. Não aconteceu. Ela queria saber o que sua mãe conversado comigo.

- Nada de mais, só disse a ela que te amava.

BR Na Europa!

7 comentários:

  1. Aeee, ta apaixonado o garoto. Boa!! Parabéns pra tu, é sempre bacana estar apaixonado. =D

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  2. Quem te viu quem te ve ein Preto maldito??!! De qq forma felicidades man! []'s

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  3. imagino como ficou a tua sogra, deve ter feito uma cara quando percebeu o erro, felicidades para ti e para a princeless girl

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  4. hauihaiuahuiahuia
    agora entendi pq vc gostou da polonia...
    the streets are full of "digs"
    quem ia gostar daí era serguei c deveria ter levado ele escondido dentro da mochila q tava enrrolada com plástico ninguém ia perceber era só fazer uns furos pra ele poder respirar; (obs: serguei não se alimenta, seria bem tranquilo hauiahuia)

    Obs: se essa foto não tivesse sido tirada na neve (td branco) eu diria que vc estava fazendo outra coisa...
    se é que vc me entende
    huiahuiahiauhauia

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  5. Magreloooooo!
    Vc tá chique, heim?!
    Com direito a blog e tudo! hehehe

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  6. Esse final ficou muito bom! Eu só imagino a reação da Priceless Girl depois de tu ter dito isso...

    Hehehehehehe
    Abraços e continue com a história!

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