domingo, 14 de novembro de 2010

A Caminho da Alemanha


Após dois dias de meu amorzinho para lá e meu amorzinho para cá, recebi um convite para fazer uma nova viagem. A esposa de um dos meus primos fazia questão de que fosse visitá-los na Alemanha. Pagaria a passagem e eu ficaria com eles por uns quatro dias. Seria uma boa aparecer lá e mudar um pouco os ares. Eu começa até a gostar de Łódź, mas ainda não me enchia muito os olhos. Aceitei então o convite. 

Claro que a Priceless Girl não gostou muito da idéia. Ela queria viajar comigo, mas não podia, tinha que bater a marreta dela e como era nova na empresa preferiu não pedir dias de folga para isso. Eu iria num sábado pela manhã, dia 20.02, fazendo o trecho Warsaw-Köln às 9h da madrugada e voltaria no dia 24.02 às 6h40min da matina. Tinha uns três dias para me organizar. Como o primeiro vôo seria às nove. Achei que daria para sair de Łódź às seis da manhã, não era uma jogada muito inteligente uma vez que eu tinha que chegar um pouco antes já que seria uma viagem “internacional”. 

Eu não vou mentir, a essa altura do campeonato eu já estava com o bolso meio capenga. Ainda tinha um trocado mas custava a gastá-lo porque poderia ser o dinheiro a ser usado no Brasil para comprar alguma coisa. Então qualquer trocado que gastasse era lágrima. Eu tinha que ir a Varsóvia de qualquer jeito para pegar o vôo. O problema é que o trem custava uns 36 zlotys ( uns 18 reais na época ) só que eu teria que pegar mais um táxi da estação para o aeroporto, sendo que podia ser enrolado por um polaco metido a esperto e acabar tendo que pagar uma fortuna. A saída era ir de ônibus então. Sairia de Łódź e em cerca de 2h ou um pouco mais estaria em Varsóvia, só que já no aeroporto. 

Consultando o horário dos ônibus acabei tendo que sair de casa às cinco e meia da manhã. Dava para chegar ao aeroporto horas antes e ficar tranqüilo lá até embarcar. Logo esse era o caminho, seria mais barato e mais seguro. Melhor esquecer esse lance de trem, mesmo porque minhas experiências com eles não eram das melhores. 

No dia da viagem a Priceless Girl levou-me à estação para que eu pegasse o ônibus. Pegamos um táxi e seguimos para o centro. Tínhamos que esperar no frio enquanto o ônibus não aparecia. Ficamos lá conversando abraçados tentando nos aquecer e conversando. Ela realmente queria ir comigo, mas não tinha como. Um, dois, três ônibus e nada do meu aparecer. Seria realmente ali que deveríamos esperar? Tínhamos certeza que sim, mas já passava do horário e o ônibus não aparecia. Perguntamos, quer dizer, a Priceless Girl perguntou a um senhor se era ali que deveríamos esperar. Ele disse que sim, que também estava esperando o transporte e que sempre fazia o trecho nesse horário, que poderia ficar tranqüilo que ele passaria. 

O coroa estava certo, o ônibus demorou, mas apareceu. Eu carregava apenas uma mochila e minha micro-mala. Não tinha por que carregar um monte de bagulho para quatro dias. Remember: Travel Light. Hehe. Despedi-me da Priceless Girl e entrei na bumba. Fiquei um pouco triste por deixar meu amorzinho por uns dias. Mas é sempre bom rever os familiares, mesmo que seja por pouco tempo. 

Como disse anteriormente, a viagem duraria cerca de duas horas, e a primeira parada em Varsóvia seria a minha, o aeroporto. O ônibus partia e eu via a minha garota indo para um táxi tentando voltar para casa. Como no inverno o sol nasce bem mais tarde, eu poderia aproveitar para cochilar, eram cinco e meia da madrugada e eu ainda tinha duas horas. Claro que tinha o medo de passar do ponto como ocorreu em Praga, mas ao menos não tinha o “Russo”. Dava para dormir numa boa. 

O ônibus ia silenciosamente cortando a cidade de Łódź, o sono me dominava e eu queria tirar aquele cochilo. Dormi. Mas não era aquele sono gostoso, era aquele sono tipo: “Ai meu Deus, onde eu estou?”. E você sabe que dormir assim é uma droga, né? Você não descansa direito e ainda não está completamente atento ao que está acontecendo. A cada cinco minutos eu acordava meio que no desespero. Além do mais, com esse negócio de neve e pista escorregadia, eu não confiava no motorista. 

Em um desses cochilos senti o ônibus parando. Era uma cidadezinha e o motorista parecia fazer hora lá. Eu acordei meio que no desespero, pois não sabia onde estava. Também não sabia que teria aquela parada antes de Varsóvia, mas como o motorista havia dito que só pararíamos no aeroporto, acalmei-me e voltei a “nanar”. 

A viagem continuava até chegarmos a uma via expressa. Nesse momento eu resolvi não dormir mais. Pela janela via a neblina se dispersar e já não me preocupei tanto. Meu medo era simplesmente “dormir no ponto”. O ônibus ia até rápido demais para as condições da pista, mas não havia curvas. De repente quebramos a direita. A frente havia um prédio grande, certamente o aeroporto. O ônibus aproximou-se de um estacionamento e parou. Desci com minha mochila e minha mini-mala. Era o aeroporto. 

Segui para o saguão principal. O aeroporto era um ovo, menor até mesmo que o de Aracaju, se é que isso é possível. Brincadeira, haviam dois saguões, eu fui ao primeiro, mas não encontrei informação alguma, então segui para o segundo onde pude ver guichês das agências de viagem. Uma bagunça. Foi então que vi em uma das telas onde mostra os vôos a acontecer no dia. Lá tinha o meu embarque, Köln-Bonn, e o horário que 
seria, com mais uma informação dizendo que o guichê ainda não estava aberto. Claro que não estava, ainda é sete e meia da manhã “carai”. Foi ai que resolvi. 

- Vou catar uma cadeira para tirar um cochilo. Assim eu chego na Alemanha descansado e tenho forças para dar uma volta logo pela manhã. 

Subi umas escadas e vi uns bancos acima junto a uma tela com os embarques. Era o local perfeito para o cochilo. Dava para olhar a tabela e estar sempre atualizado no horário. Fiquei lá por uns cinqüenta minutos, dormindo e acordando para olhar as atualizações na tabela. Era melhor do que nada. Fiquei lá na maior maresia do mundo. Até que apareceu que o guichê estava aberto. 

Desci as escadas e dirigi-me ao tal balcão. Era o primeiro e único da fila. A mulher me atendeu em alemão. 

- Ou minha senhora, não tem como falar inglês, não? 

- Desculpe. Passaporte, por favor. – falou em inglês. 

Bem melhor. Entreguei o tal passaporte e ela olhou para minha cara. Tudo nos conformes. 

- A sua bagagem, senhor. 

Bagagem? Eu só tinha duas malas que eram consideradas bagagem de mão. 

- Eu só tenho isso aqui. Preciso mesmo despachá-las? 

- O senhor tem direito a uma bagagem. O que deseja fazer? 

Despachei a minha micro-maleta vendo a cara da gringa com vontade de rir. Não tinha porque fazer aquilo, mas já que tinha direito, por que não? Peguei o meu bilhete e segui para a sala de embargue. E aquele mesmo esquema chato de esperar a boa vontade de deixarmos entrar no avião. Porque raios demora tanto? Tudo em aeroporto é demorado. Um saco mesmo. Após mais uma hora de espera entrei na droga do avião e em uma viagem relâmpago, já estava em Köln. Num deu tempo nem de folgar o sinto pra peidar. 

Aterrisamos e fui pegar a minha micro-maleta. O povo saia cheio de bagulho e eu com uma malinha do tamanho de um ovo de codorna que só mal dava para por as meias. Peguei minha tranqueira e sai do aeroporto, ou ao menos tentei. Meu primo e sua esposa falaram que estariam a minha espera, e não estavam lá. Fiquei com cara de tacho. Pro meu consolo não estava frio como na Polônia. E eu não sabia o que fazer. Peguei o celular e tentei ligar pro meu primo. 

OCUPADO. 

Tentei ligara par a esposa dele... 

OCUPADO. 

Danou-se. Por sorte eu tinha guardado o telefone de meu outro primo, em caso de emergência, e liguei para ele choroso. 

- Eae cara, beleza? Rapaz, acho que me esqueceram aqui pelo aeroporto. 

- Oxe, eu pensei que você chegaria mais tarde. Pera que vou ligar para saber o que aconteceu. 

Fiquei lá esperando com cara de bunda. Normal... Recebi a ligação. 

- Eles já estão a caminho, pensaram que você chegaria mais tarde. Espera o pouquinho aí que já já eles aparecem. 

E foi isso... fiquei mofando na porta do aeroporto esperando a boa vontade do povo aparecer.

BR Na Europa!

9 comentários:

  1. Seu João Bahia deve tá numa vala agora... Mais um motivo pra tu agradecer estar bem longe de casa agora! lol

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  2. Pooo, já tava com saudade dos posts ! xD
    Aeroporto é foda... espera e mais espera, mas pelo menos as viajens são rápidas =D

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  3. @Unti nem me fala kra, minha mãe falou que a cidade ficou um inferno, teve até um pré-carnaval

    @lippolis eu tava com saudades de postar tb, mas meu tempo anda bem curto

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  4. estava pensado que tinhas morrido congelado para nao voltares a postar, continua com o bom trabalho, e espero que tenhas esperado muito tempo pelo teu primo Muahahahahahahha

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Maldito teclado wireless...
    Bom repetindo...
    Me assustei qdo li que o aeroporto era menor que o de aracaju.. Aquele aeroporto é semelhante a rodoviária de Mata de São João...se não for menor huiahauihaui

    obs: se não me falha a memória a rodoviária de mata de são joão tem 3 terminais... ou seriam dois?

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  7. Koln...tenho uma prima que mora lá. Penso em conhecer essas terras um dia. A cidade é boa, Belino?

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  8. Não morri não, eu estou atolado de trabalho ultimamente, mas ainda hoje pretendo postar... relax no multiplex... hehe

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