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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Köln - Hora de Mimir...



Às vezes me pergunto: Seria muita zica para uma pessoa só? É difícil compreender como um dia que ia tão bem poderia cagar de uma maneira tão rápida. Digamos que eu sabia mais ou menos o nome do bairro onde meu primo morava, mas acha que um embriagado conseguiria pronunciar a parada direito para um táxi ou algo do tipo? Eu acho que não. Como eu havia dito, eu andava com dois telefones no bolso, um polaco (já descarregado) e outro alemão (também entregue as traças). Não adiantava me desesperar, as duas opções que tinha naquele momento era sentar e chorar ou andar desgovernado. Precisa dizer o que eu escolhi?

Claro que sentar e chorar! Hahahaha. O choro é livre amigo! Brincadeiras a parte, eu dei sorte. Com a agonia de ficar perdido o álcool perde o efeito sobre o corpo, chega a ser algo impressionante. Então respirei fundo e dei uma olhada ao redor. Havia cerca de três farmácias no local, parecia até piada. O infeliz falou que estava em frente a uma delas, mas não disse qual, então voltei à parada do trem para ter uma visão mais ampla do local. O que via era apenas gente de um lado para outro. Olhei em frente a uma das farmácias... Nada. A segunda... Nada. Terceira... Nada. Não era possível. Onde estava aquele infeliz? Virei de costas procurando um lugar para sentar e me lamentar, já estava cansado. Finalmente a luz divina. Bati o olho no sacana com o celular olhando de um lado para outro parecendo um suricati. Estava salvo.

Aproximei-me e foi aquele alívio, poderia até ir para casa naquele momento que para mim seria de boa. Claro que isso não aconteceu, era mais fácil o mundo se acabar naquele momento do que deixarmos de tomar a famigerada cerveja. Para onde iríamos? Rumba. Um bar, pub, sei lá o que era aquilo que pertencia a um amigo. Latino-americanos invadiram aquela cidade de um jeito que parece que a cada esquina tem-se um clube de salsa, merengue, lambada sei lá mais o que. Seguimos por uma rua e dobramos em uma esquina onde tinha um restaurante. Eu já não fazia idéia de onde estava só sabia que estava no centro.

Entramos nesse tal Rumba e a coisa estava quente, nada de falar alemão, era só espanhol lá dentro. Senti-me em casa. Tudo bem que espanhol mesmo eu não falo, mas nada que o velho portuñol não resolvesse. Meu primo parecia um velho conhecido da casa, cumprimentava a todos como se fosse dono do local ou até mesmo alguém famoso... Piada haha. Encostamos-nos ao balcão e fui apresentado ao barman, na verdade o dono do bar. O que você ganha quando conhece o dono do bar? Cerveja “for free”, é claro.

Essa cerveja caiu muito bem, além de ser de graça matou a minha sede. Enquanto o povo dançava freneticamente (sabe como são os latinos, né?) eu tomava minha cervejinha e conversava com algumas pessoas. Havia também alguns brasileiros, também amigos de meu primo, que essa altura já achava “pop”, que falavam sobre suas semanas agitadas. Eu já estava meio bêbado, afinal tinha encarado aquela cerveja durante todo o dia. Precisava gastar energia, precisava “bailar”. Foi então que seu Belino resolveu ir para a pista de dança e “llamar una chica guapa para bailar”.

Terminei meu copo e fui adiante. Havia uma garota bem “jeitosinha”, não tinha cara de alemã e estava dançando com todos. Chamei para dançar. Se você me conhece sabe que eu não sou um dançarino exímio, mas sei dar uns passos legais. Numa lambada ou num forró eu não faço feio, mas salsa, rumba e afins já complica um pouco. Consigo até seguir o ritmo e tapear a galera, mas dançar pra valer... Acho que nunca. A garota aceitou então “dançar” comigo, ela era colombiana e parecia muito animada, chamei logo de Shakira para dar uma moralzinha a ela. Dançávamos numa boa até que veio a pergunta:

- De que país você é?

Soltei um Brasil todo feliz e então o tapa da pantera.

- É por isso que seu espanhol é meio diferente e você não dança direito. Agora eu entendo.

Filha da mãe! Custava ser um pouquinho mais simpática? Mas é aquela coisa, não vou tratar mulher mal, então abri o meu sorriso amarelo.

- Nossa, é tão ruim assim? Parece que preciso de umas aulas.

- Certamente precisa, mas não está de todo mal, com um pouco de prática pode aprender rapidamente. Talvez você até saiba, mas parece um pouco embriagado.

É, embriagado eu estava, mas me senti derrotado, ouvir um elogio desses de uma menina que não era nenhuma Megan Fox é lasca. Mas deixei de lado, dei uma risadinha marota e peguei mais uma cerva para beber. Sei que a noite foi bem longa e pratiquei portuñol como nunca, mas se me pergunta se lembro de muito daquela noite, temo que minha resposta seja não. Claro, quase um ano se passou desde então, mas lembro que dancei com uma alemã meio maluquinha e depois fiquei conversando com ela um tempo. Lembro também que meu primo contou-me que um amigo dele havia perguntado:

- O que ele tanto conversa com ela? Ele sabe alemão?

- Não, e nem precisa. – respondeu meu primo.

- E como conversa tanto?

- Malandro é malandro, Mané é Mané. Tudo tem seu jeito, amigo.

Também não lembro o tópico da conversa, mas lembro que ela era de Berlin. Bem, isso pouco importa. Voltando para casa eu estranhei a minha saúde. Não senti vontade de vomitar, gofar ou nada assim. Pode ser um pouco nojento para você leitor, mas imagina um cara que bebe praticamente o dia inteiro de pé e sem vontade de chamar o velho Raul. Estava feliz com meu fígado, ele parecia de aço, até chegar ao portão do prédio. Enquanto meu primo tentava achar a chave eu via o mundo começar a girar. Foi algo instantâneo. Raul parecia que sairia de minha boca com toda força e o que eu fiz? Corri para a esquina onde não havia ninguém. Como se fosse resolver algo. Hahaha. Dei uma respirada forte, daquelas que até uma bola de gude entraria pelas narinas e assim consegui me controlar.

- Você está bem, cara?

- Acho que sim, é melhor eu deitar logo antes que essa ânsia maldita volte. Cerveja do capeta.

E foi assim que a noite acabou. Cabeça no travesseiro e praticamente um desmaio de tão rápido que dormi.

BR Na Europa!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Formatura...

Era quase hora de começar a me arrumar quando larguei o videogame nas mãos de Jerry. Desci e fui me arrumar. Um banho rápido para tirar o suor do corpo era o suficiente. Passei uma camisa e comecei a me vestir. Uma meia pequenina, um meião de futebol e uma meia para sapatos por cima. Calças, cinto, uma camisa de manga longa, outra listrada que havia acabado de passar e só ficaria faltando o terno. Fui ao espelho me barbear e tentar colocar o cabelo de alguma forma que não ficasse todo esburacado. Estica daqui, cera no miolinho, escovadas e até que não ficou de todo mal. Deu para tapear, coloquei o terno por cima e pronto.

Subi para encontrar Chun Li e a Sra. Hakkinen. Elas já estavam prontas. O irmão de Chun Li ligou e pediu para que ela comprasse flores, saímos então nós dois para realizarmos o desejo dele enquanto a senhora Hakkinen esperava o ator de propagandas. Olha, a essa altura do campeonato eu já odiava neve ao extremo. Aquela noite estava fria e não nevava, mas a neve acumulada nas ruas era algo angustiante. Conseguimos sair de casa e pegamos entramos na estação de metrô. Paramos em um mercado e compramos as tais flores. Seguimos para o metrô e fomos ao centro.

Ao chegar lá a Sra. Hakkinen já estava a espera junto com o ator. Saímos da estação e seguimos para um prédio antigo. Logo na entrada olhei para cima e vi uma escultura de um homem montado em um cavalo morto de cabeça para baixo. A escultura estava presa ao teto, coisa que você só vê em Praga. Fomos adiante e Chun Li mostrou-me que lá havia uma boate onde apenas tocava-se música dos anos 80. Parecia bem legal, mas não era esse nosso destino. Um pouco a frente havia um monte de gente em uma estrutura de vidro. O irmão de Chun Li estava lá angustiado a nossa espera.

Chun Li entregou as flores a ele que por sua vez entregou-nos os convites para que pudéssemos entrar. Tiramos uma foto lá fora e seguimos para dentro do prédio. Descemos uma escada e lá havia onde poderíamos deixar nossos agasalhos. Ao seguir adiante vi um salão imenso abaixo e camarotes para todo lado. O irmão de Chun Li guiou-nos até uma mesa pedindo para que aguardássemos a festa começar, ele ficaria com a família da namorada.

O irmão de Chun Li, Sra. Hakkinen, o ator e Eu


Se você acha que festa de formatura tcheca é igual à brasileira onde um monte de gente se reúne pra comer e beber de graça se engana. Eu também pensei assim e me dei mal. Por sorte tinha levado a carteira com algum dinheiro. O lugar estava um pouco abafado e a sede logo apertou. O ator perguntou-me se gostaria de beber algo. Opa! Falou a minha língua, vamos uma cervejinha para alegrar a noite. Chun Li e sua mãe não são muito chegadas a álcool então ficaram somente no suco.

Chun Li, Eu e o ator já meio bebado


O ator chamou-me então para ir até o bar, pediu as duas cervejas e os sucos e PAGOU! Isso mesmo... Ele pagou, cara. Que decepção, pensei que ia comer e beber de graça e o que vi foi um bar lucrando. Muita sacanagem isso. Voltei a mesa e entreguei os sucos. Eu fiquei muito chateado com tudo, mas não tinha alternativa, era pagar ou pagar. Os formandos começavam a desfilar no salão de festa no andar de baixo por turma. Era gente que não acabava mais. Eu não iria beber cerveja naquela formatura, então mudei para o uísque que era quase o mesmo preço.

Uma mulher que estava acompanhada e sentava-se a mesa ao lado da nossa ficou olhando para mim. Analisou de cima para baixo e deu um sorriso maroto. Eu respondi com outro sorriso meio sem graça, se o marido dela vê um treco desses você já imagina a merda que seria. Peguei meu copo e comprei outro para o ator que contava suas mirabolantes histórias. Numa dessas, ele bateu o olho numa estudante e disse.

- Nossa que peitão! Tô emocionado, eu quero ela.

Que figura, o cara não chegava em mulher nenhuma e ficava naquele fogo. Ai eu soltei:

- É parece uma krava.

Krava em tcheco significa vaca, mas também significa puta, eu não sabia dessa última. Chun Li deu-me uma pisada no pé e disse para eu tomar cuidado com o que falava. O ator só fazia rir enquanto outros convidados olhavam feio para mim.

- Krava também significa puta.

Que vergonha. Eu meninão amarelo querendo mostrar conhecimento e fazendo cagada. Também ficou por isso mesmo. Minha ignorância foi perdoada. A festa comia solta no andar de baixo para os estudantes. Um cantor que havia formado na mesma universidade se apresentava com música popular tcheca. Enquanto isso eu estava em minha segunda dose de uísque junto com o ator. A Sra. Hakkinen comprou alguns salgadinhos para que pudéssemos empurrar com a cachaça, ela não parava de tirar fotos. Aliás, um fato interessante. Ela tinha uma máquina bem antiga, que ainda usava filme, e estava lá se esbaldando com seu material fotográfico.

- É importante tirar fotos, tenho um monte de filme em casa para usar. – era realmente uma figura.

Depois do cantor se apresentar era a vez de uma dançarina profissional também formada na universidade. Ela demonstraria como dançar vários ritmos inclusive SAMBA! Aquilo eu precisava ver. Ela começou com valsa, em seguida salsa, merengue, lambada, bla bla bla, até o tal samba. Que papagaiada, a mulher dançou samba do mesmo jeito que dançou valsa, só que mais rápido. ¬¬

Após a sambista de meia tigela apareceram uns garotos dançando break. Eu não sei por que esse povo insiste em dançar break se não tem ao menos ritmo. Fazer a papagaiada é possível com prática, mas fazer a papagaiada com ritmo tem que saber dançar, carai!

E finalmente o momento da noite. As turmas pegaram umas lonas e começaram a sacudir. Os alunos ficavam nas pontas esticando a lona como aqueles elásticos de bombeiro e ficavam gritando no andar debaixo. O objetivo era simples. Que estava em cima tinha que jogar o dinheiro pros infelizes. O dinheiro arrecadado pela turma seria usado para que eles bebessem naquela noite. ¬¬

Eles não me pagaram nenhuma cervejinha e eu ainda tinha que jogar meus trocados para eles. Peguei cinco moedinhas de 10 coroas e joguei pros infelizes. Todo mundo tava jogando um monte de dinheiro e eu não podia sair de pão duro lá. Joguei cinco moedas com intervalos de 4 segundos cada e pareceu que eu estava jogando bastante. Os infelizes embaixo pareciam que morriam de fome catando o dinheiro. Mas era por uma boa causa, eles precisavam encher a cara.

Era hora de dançar. O povo se amontoava enquanto o DJ soltava o som. Músicas antigas, tchecas e americanas. Rolou de tudo. Chun Li queria muito dançar, mas eu ainda estava bebendo a última dose. Como os ensinamentos de minha mãe diziam para nunca deixar o meu copo à toa, dei uma sugestão.

- Por que você não vai com o ator? – falei.

O ator então a pegou pela mão e levou lá para baixo. A Sra. Hakkinen só fazia rir.

- Algo aconteceu? – perguntei.

- Não, não foi nada. É que você disse para o ator levá-la para dançar só que ele não sabe.

Terminei meu copo e aproveitei para ir ao banheiro. A mulher casada que me olhava anteriormente me seguiu. Na porta do banheiro, antes que eu entrasse, ela perguntou:

- Gostei de você. Está sozinho?

Olha a confusão, imagina se o marido dessa senhora me aparece lá na hora e dá uma de xiliquento.

- Comporte-se. – falei dando um sorriso safado.

- Posso me comportar se você pegar meu telefone. – falou me entregando um cartão.

Agradeci e entrei no banheiro. Rezei pro marido da infeliz não entrar lá e me quebrar todo enquanto eu urinava. Por sorte ele não apareceu. Voltei ao camarote e respirei fundo. É cada doida que me aparece. A Sra. Hakkinen então me mostrou onde Chun Li e o ator estavam. Eu nunca tinha visto ela tão vermelha. Parecia constrangida ao estar dançando com alguém tão alucinado. Não demoraram nem cinco minutos lá embaixo. Eu ria da cara deles, e ria de pena ao ver a cara da Chun Li. Ao voltarem o ator parecia em êxtase enquanto a sua parceira estava mais decepcionada que tudo. Fiquei com pena e a chamei para dançar.

Divertimo-nos bastante aquela noite. Com o ator comentando sobre os peitos de uma das formandas, com máquina fotográfica perfeita dançando e bebendo. Ao voltar para o camarote vimos o ator torrando a paciência do irmão da Chun Li, ele havia ido lá para apresentar sua namorada à mãe e aos outros. Cumprimentamos e sentimos que era hora de voltar para casa, antes que o ator fizesse alguma besteira.

BR Na Europa!