sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A Última Noite em Praga - Parte 1

O último dia em Praga prometia. Era uma sexta-feira, dia de farra e eu queria sair para tomar a última cerveja. Arrumei uma parceria da boa. Um manolo africano de Guiné, chamado Gama. Ele era casado com uma amiga de Chun Li, não bebia, mas curtia dançar e tudo mais. Durante o dia já havia arrumado todas as minhas coisas. Apenas deixei fora do mochilão roupas que usaria no dia seguinte e a bíblia para rezar durante o dia a fim de evitar outra situação incômoda como minha a ida anterior a Polônia.

Tomei um banho, fiquei cheiroso, botei uma roupa bonita, catei como chegar à casa de Gama e segui o meu caminho. Tinha combinado de encontrá-lo lá e depois iríamos para um bar. Na fria noite de Praga, acertei o trem urbano que deveria pegar e como não conseguia enxergar direito devido a neblina memorizei que ele morava próximo a um sexy shop.

Desci do trem no local certo, achei o prédio e interfonei. Ele pediu para que subisse, pois ainda estava se arrumando. Tudo bem, daria tempo de tomar um chazinho. Após esperar o nego se arrumar, saímos de casa e ele disse.

- Precisamos ir ao shopping primeiro, um amigo nos espera.

- Qual shopping? – eu só conhecia dois, mas gostava de parecer entendido. Hehe.

- Flora. Não tem problema, né?

Ah peraê, cara. Eu tava perto de Flora e o cara me fez ir até a casa dele pra voltar pra lá? Da casa dos Hakkinen para o shopping dava até para ir andando. Sacanagem.

- Não. Tranqüilo. – falei meio pirado.

Entramos em outro trem urbano. Coloquei minha passagem como de costume e o Gama não.

- Ow! Você não vai pagar?

- Pra quê? Eles nunca me pararam, não seria hoje que parariam.

Hmm, interessante. No metrô vi um monte de asiático turista sendo parado para checagem de bilhetes, até mesmo tchecos, mas nunca tinham me parado. Como eu havia pagado, não tinha problema. Seguimos para Flora numa boa e entramos no shopping que estava quase fechando.

Um carinha apareceu logo que entramos, era outro mano da Guiné. Gama e ele começaram a conversar num idioma estranho. E eu fiquei meio que sem entender nada.

- Que idioma é esse que vocês tão usando, cara?

- Francês. Pensei que você entedia.

Eu até entendo quando alguém fala francês comigo, e chego a responder numa boa, não em francês é claro. Mas aquilo parecia com nada. Muito tenso. Ablublublublublu ET blubluba. Era o que eu entendia.
Saímos de Flora e ficamos meio sem rumo. Eu conhecia o pub ali perto, mas Gama tinha outra idéia.

- Eu sei um restaurante aqui perto que dizem que é bacana, a gente pode ir lá, daí não precisamos ir ao centro agora.

A “noite” em Praga e em muitas cidades européias inicia-se 00h. É quando as boates estão enchendo e o povo saindo de casa para curtir. Seguimos então para esse tal restaurante para fazer o esquente. O lugar não ficava distante, andamos um pouco e logo o achamos.

Era um lugar bem legal. Aconchegante, música ambiente, boa iluminação e se encontrava cheio. Certamente um bom restaurante. Um garçom muito simpático servir-nos-ia. Pedi uma cerveja, Gama uma coca-cola com limão e o outro carinha, não lembro o nome até hoje e por isso não criei um nome para ele, pediu um suco. Tomei minha cerveja tranquilamente enquanto conversávamos.

De vez em quando ouvíamos uma barulheira de música eletrônica que rapidamente cessava-se. Era estranho. Eu não sabia de nenhum clube ali por perto e nem os rapazes. Resolvemos então perguntar ao garçom.

- Que barulheira é essa que ouvimos de vez em quando?

- Ah! Está rolando uma festa anos 80 no andar debaixo.

- Ué, mas isso aqui também é um clube?

- É cara, vocês podem ir se quiserem, só precisavam fechar a conta aqui.

- Quanto para entrar?

- Nada, basta estar no restaurante.

Opa, que alegria! Pagamos a conta, guardamos os agasalhos e descemos. Havia um porão grande debaixo de nossos pés e não sabíamos. Ao abrir a porta a música contaminou os ouvidos. Estava tocando Madonna. O ambiente era escuro e havia um bar que tomava quase todo o espaço. A área de dança era pequena mas o pessoal parecia se divertir. Algumas cadeiras, um monte de gente doida se balançando... era um lugar legal para se começar a noite.

Fomos direto para pista de dança. Gama mostrou seus passos ao maior estilo Ne-Yo made in Guiné enquanto eu dançava aleatoriamente. O outro carinha ficava apenas se sacudindo na dele, observando o mulheril frenético.

Eu curti bastante o som do local, gosta de músicas antigas principalmente dos anos 80. Enquanto eu lançava passos aleatórios senti alguém se esfregar em minhas costas. Virei para verificar, caso fosse algum cara metido a “chacrete”. Era uma ruiva, então deixei. Eu estava dançando numa boa de costas para ela, e de repente ela agarrou minha mão, queria dançar comigo.

Ela se insinuava toda, ia até o chão. Era uma garota linda, acho que a mais bonita que tinha visto em toda a Rep. Tcheca até então, coisa de cinema mesmo. Ruiva, olhos azuis, corpo escultural, ela usava um vestido vermelho bem colado ao corpo. Eu estava babando, a carne é fraca e o sangue brasileiro fervia. Ela sorria enquanto dançava insinuante tipo dizendo: Eu quero você seu BR safado.

Eu não falei uma palavra, apenas curti o momento. A música acabou e ela deu-me um beijo no canto da boca dizendo tchau. Ai eu fiquei bolado. Ela estava subindo a escada, então fui atrás. Provocou e ia me deixar assim na cara dura? Quando me aproximei ela não deixou que eu falasse nada:

- Ó, você é uma gracinha. Adorei você. – falou pegando no meu rosto. – De onde você é?

- Brasil.

- Nossa, tão longe. Você é perfeito, uma pena que não posso ficar com você, preciso encontrar meu namorado. Se não fosse isso a gente aproveitaria bem a noite. – ela pegou e deu um outro beijo no canto da boca se virando.

Nossa senhora, que mulher louca. E tinha namorado. Foi aí que caiu a ficha: Comporte-se mocinho, você agora é comprometido, respeite sua polaca. Voltei para dançar alegre por ter sido “a gracinha” de alguém tão bonita. Não peguei, mas valeu o elogio. É fácil mamãe dizer que é você é bonito, mas um mulherão daqueles, putz. Mas eu precisava respeitar aquela que eu clamei como namorada. Decidi que não cairia na gandaia aquela noite, sou menino direito.

Ficamos lá um pouco mais. Mas esse não era o nosso destino final, iríamos a outra boate, no centro da cidade. Saímos do “restaurante-club” e seguimos adiante para o resto da noite.

7 comentários:

  1. Nossa... que balada mais sinistra essa.

    Esperando a parte 2 !

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  2. Um belo começo de noite eu diria xD ...
    Belino gracinha... aushAUHs, esperando a parte 2 !

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  3. esperando a parte 2 onde a ruiva volta e viola o belino ahahhahha

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  4. huashuashuashuas!
    A carne é fraca...
    Cara, tu podia colocar mais fotos pra gente visualizar melhor os lugares e as pessoas. Tu escreve bem, dá pra imaginar direitinho, mas essas mulheres de cinema ae, bem que podia ter umas fotos... hehehehe
    Aguardando a parte 2...

    abraço!

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  5. Bom pessoal, a noite começou até bem, mas o fim foi meio cômico... fica para amanhã o fim da história.

    @Dimas esqueceu que caduquei e deixei a câmera no Brasil? Mas em posts futuros fotos aparecerão... relaxe

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  6. Pior seria se o tal namorado da ruiva fosse ninguem menos que o ....











    RUSSO !!!!

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  7. Sangue com dêndê parceria... ninguém resiste.

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